Entrevista Lord Vlad (Malefactor)
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Aproveitando a realização do Festival Rock Concha, o BahiaRock realiza uma série de entrevistas com as bandas do evento. Em nossa segunda entrevista conversamos com Lord Vlad, vocalista e baixista da banda Malefactor – que se apresenta no 1º dia do festival. Confiram:
O Rock Concha completa 30 anos e vocês voltando a essa casa depois de muito tempo… Quais lembranças você tem da última vez que tocou lá?
Bom saber que Salvador volta a ter este festival histórico, abrindo as portas pro metal baiano. Nossa última vez lá foi abrindo um show do Sepultura, e 10 anos já se passaram. Tocar na Concha é sempre uma experiência diferente, por causa da grande estrutura e muitas pessoas vêem o show do Malefactor pela primeira vez, ou pessoas que já estão mais afastadas sentem-se convidadas pelo ótimo espaço. Ainda mais com um cast maravilhoso e democrático destes, com 2 bandas baianas históricas, com a primeira banda a lançar um disco de hardcore na América Latina (Ratos de Porão) e que foi e ainda é tão importante para a cena underground brasileira, e os pais do punk no Nordeste, Camisa de Vênus, bandas que sempre fui fã e que foram muito importantes na nossa formação dentro da música suja e pesada.
Quais suas últimas experiências com as bandas que irão tocar no festival? Alguma memória especial acerca de Ratos de Porão e o Camisa de Vênus?
Quero falar primeiro da experiência maravilhosa que é voltar à Concha com a Drearylands. Alguns dos músicos ali viram o Malefactor nascendo na garagem, e são grandes músicos e grandes amigos. O Ratos de Porão mudou a cena de cabeça pra baixo, quando veio do movimento punk e tomou de assalto a cena metálica à partir do “Descanse em Paz”. Vi meu primeiro show deles na turnê do “Anarkophobia”, e continuo um grande admirador de sua música e de suas idéias. Camisa de Vênus é um orgulho pessoal, e que deve ser de todos os baianos. No final da Ditadura, estes caras meteram o pé na porta das rádios. Foi a primeira vez que ouvi um palavrão num LP. Fiz uma relação dos 10 discos que mais me impactaram quando adolescente, e dá pra ter uma idéia do quanto o Camisa foi importante pra mim.
Essa revitalização do Festival Rock Concha traz quais benefícios pra cena? O que está acontecendo hoje em Salvador em se tratando de Rock/Metal é promissor?
Eu não acredito que vá mudar no aspecto de cena local. Seria maravilhoso se voltássemos a ter sempre shows na Concha de bandas locais. Acredito que será um show muito marcante, e gostaria que muitos adolescentes fossem e pudessem ver a qualidade das bandas locais e destas bandas históricas RDP e Camisa. Espero que o Festival passe a acontecer com mais frequência e o público compareça. Não é todo dia que tem um cast destes num local tão foda.
Vocês estão preparando algo especial para o evento? O que o fã de vocês pode esperar do show?
Ainda estamos estudando isso. Nosso set é mais curto por ser um festival. E hoje é bastante difícil conseguir liberação para usar fogo em casas de show, depois do fatídico acidente na Boate Kiss anos atrás. Seria perfeito reviver os shows de 99 e 2000 quando literalmente incendiamos o palco da Concha Acústica, mas não basta querer. O uso de pirotecnia ao vivo é bem complicado hoje em dia.
Quais as principais diferenças entre tocar num Festival desse porte e fazer um show específico da banda? Quais estratégias usam para lidar com o público?
A maior diferença é que nestes locais maiores e históricos aparece muita gente nova e muita gente que anda sumida do cenário. Fora isso, é a emoção de tocar com bandas que somos admiradores. A estratégia nossa não muda muito, com exceção da parte de divulgação que é bem maior com chamadas de rádio e outdoors e busdoor, como sempre foi no Rock Concha. De resto é sempre o Malefactor fazendo metal e as pessoas que acompanham nossa carreira de 27 anos cantando as músicas e batendo cabeça. É a hora que todos nos desligamos da chatice e da pequenez de certas questões do dia a dia e trazemos arte obscura à vida. Vida sem arte não vale a pena. E precisamos valorizar a pluralidade, mesmo quando não é exatamente o nosso segmento. Precisamos valorizar a liberdade de expressão, o combate aos dogmas opressores e religiosos, valorizar a música do underground e manter a cabeça erguida mesmo nos tempos difíceis. Já vimos esta cena mudar várias vezes. 20 anos atrás todo mundo tava thrash, agora tá todo mundo querendo ser Avenged Sevenfold em português (risos). Continuamos os mesmos caras falando de magia, morte, antigos impérios e suas guerras, e seres das sombras. Metal verdadeiro, mas sem medo de quebrar regras.
Deixa uma mensagem ao leitor do Bahia Rock e convide seu público para ir ao Festival! De antemão, obrigado!
Ô seus escrotos, parem de ficar com essa cara de morte antecipada, e venham prestigiar estas bandas que há décadas continuam na estrada, fazendo música por devoção e não por grana. São quase 40 anos de Ratos de Porão, mesma idade de criação do Camisa de Vênus, 27 de Malefactor e 20 de Drearylands (porque não to contando a época com o nome de Shadows). Estas bandas não estarão aqui pra sempre. Nem vocês. Venham celebrar a música pesada e combativa num espaço foda, com som e luz foda… enfim… nos vemos no Rock Concha.
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