FESTIVAL BIGBANDS 2023

Por Rogério Bigbross

Pensar, repensar, formatar o festival Bigbands, Bigbross, sim, uma analogia a minha pessoa, ao meu jeito de fazer as coisas, de agregar, de dar chance ao novo, de revitalizar o velho, de mostrar o que nunca foi visto, de misturar, de segmentar, quando necessário de agregar produtores de vários segmentos em todos os estados que fizeram esse festival acontecer nos últimos 13 anos.

Não citarei o nome deles, eles sabem quem são, trabalhamos juntos, realizamos mais de 200 shows, mais de um centena de artistas passaram pelo festival com todo tipo de música vinda do coração que você possa imaginar.

Alguns vieram de longe: Uruguai, África do Sul, Finlândia, Itália, Dubai e dos quatro cantos do Brasil. Perdi a conta, ele foi realizado de tantas maneiras criativas e inimagináveis. Rifas, crowdfunding, doação voluntária, mas, verdade seja dita, nos seus 13 anos somente duas vezes fomos contemplados por algum edital público, ambos de 60,000,00.

E mesmo com essa pouca verba de editais aproveitamos a chance e levamos o Bigbands para as escolas. Pois é, procuramos escolas da rede municipal e levamos a cultura hiphop pra dentro da sala de aula, com aulas de grafiti, dança, discotecagem. Convidamos artistas completamente desconhecidos no estado como os Sergipanos da The Baggios, que em 2008 era uma ilustre desconhecida banda e 14 anos depois ganhou o mundo e firma uma carreira sólida como artistas nacionais.

Não se enganem, não estou pedindo a glória que é deles para o festival Bigbands, só afirmando o quanto é necessário ter festivais como esse que dá chance a quem não tinha a sensibilidade de perceber o potencial do bruto e ver ele ser lapidado.

A alguns anos o festival Bigbands foi se sedimentando novamente a sua raiz rock, pois sente que não se faz mais necessário abraçar todos pois nesses longos de 30 anos de carreira de Bigbross a Bahia mudou para melhor.

Em todo estado, temos festivais para todos os gostos e fiz parte dessa desconstrução da terra de todos os ritmos. Falo sempre e repito toda hora que toda música produzida na Bahia é música baiana. Não teríamos hoje bandas referências mundiais no heavy metal, no punk que representam a Bahia muito mais do que a Bahia sabe e ainda muito pouco do ela não sabe, as bandas de heavy metal, punk, hardcore em todas suas divisões musicais levam o nome do estado a paÍses inimagináveis, basta uma breve pesquisa para se descobrir um novo mundo dentro da cidade da música.

Tenho amigo de mais de 30 anos nessa longa caminhada e o que nos unia era o gosto comum pela camisa da banda que usávamos e por geralmente sermos os deslocados os que não se encaixavam no seu bairro, na sua escola, os que não se adaptaram ao grupo vigente ou não se sentiram reconhecidos fazendo parte de algo que fazia sentido para eles, sim somos loucos por vestir preto em Salvador mas só quem vive isso no sangue de verdade vai entender, não adianta se colocar no lugar, ter empatia se realmente não sente o mesmo que sentimos.

Pois bem mais uma vez o Bigbands vai acontecer e mais uma vez seremos nós que faremos ele através de crowdfunding, trabalho voluntário e fazendo nós mesmos como sempre fizemos, afinal de conta nós sabemos que sempre estivemos aqui, que nunca nos preocupamos com o sucesso

A nossa verdade é suficiente no que gostamos, poucos vivem exclusivamente de sua música, representamos diversas profissões fora do palco mais que no palco com umas camisas pretas botamos pra fora tudo que somos de verdade, é nisso que acredito, poucos entendem, alguns tentam entender, um dia talvez muitos entenderão.