[Memorabilia BahiaRock] Warm Up Boom Bahia
Bem vindo a nova edição do Memorabilia BahiaRock! O objetivo dessa seção é relembrar o passado do site. Dessa vez escolhemos a cobertura do segundo dia do festival Warm Up Boom Bahia, realizado no dia 23 de Abril de 2006 em Salvador no Rock in Rio com as bandas Retrofoguetes, Forgotten Boys (SP), Cascadura e Matanza (RJ).
Por Rogério Pinheiro
Após alguns anos sem dar notícias, eis que temos de volta o Boom Bahia. O festival aconteceu em 1997 e 1998, mas infelizmente deixou de rolar depois de alguns probleminhas. Esse ano a Al Dente Produções decidiu continuar com o projeto e fazer a 3ª edição, e para dar uma idéia do que tem em mente resolveu lançar o Warm Up Boom Bahia, uma prévia do que deve acontecer lá para agosto. Na segunda noite do Warm Up nossa equipe decidiu dar as caras para curtir e cobrir o evento em questão, e ver o que a Al Dente reservou para o público.
Retrofoguetes
Inicialmente sobem ao palco os lendários Retrofoguetes. Geralmente, no início do evento, são poucas as pessoas que adentram a casa, enquanto a maioria fica esperando até só deus sabe que hora para entrar, mas nessa noite haveria de ser diferente. Antes mesmo da banda começar o pessoal já se aglomerava para ficar bem na frente e dançar ao som desse “surf rock instrumental pauleira” tão bem executado. Esta noite os rapazes apresentaram um set reduzido, nada que pudesse ser comparado às cinco horas que eles estão acostumados a tocar, mas mesmo assim foram incríveis. Com grande empolgação iniciaram com o clássico “Surf – O – Matic”, e continuaram detonando com “Andrômeda Não Responde”, “As Concubinas Mecânicas do Doutor Karzov”, “Roswell” e “As Criaturas Enjauladas do Circo Espacial de Moscou”, entre outras. Consegui dar uma conferida no set da banda, mas não reconheci os títulos “Theme for a Cream Pie”, “4 Devils” e “Mamouska”, mas acredito que sejam músicas novas (NE. Sei somente que não estão nem no Protótipo de Demonstraçao nº 1 e nem no Ativar Retrofoguetes!), mas mesmo assim fizeram o público delirar. Além disso, ainda levaram os covers “Miserlou”, de Dick Dale, e “These Boots Are Made for Walking”, de Lee Hazlewood, com participação da grandiosa Nancy Viegas. Para fechar o show, nada menos que “A Fantástica Fuga de Magnólia Pussycat”, encerrando, assim, mais uma grande apresentação. O público merece os parabéns, por ter presenciado o show do início ao fim dançando com vontade enquanto bebia uma (s) cerveja (s) gelada (s).
Como não tenho um vasto conhecimento sobre todas as bandas que se apresentaram, e por acreditar que todas elas merecem uma resenha fenomenal, decidi pedir ajuda aos amigos Boris, para escrever sobre a Forgotten Boys, e Zeca Forehead, para falar sobre o Cascadura.
Forgotten Boys
Por Diogenes “Boris” Ribeiro (Dj, sócio da Frangote Records, operário do rock baiano e futuro cantor e compositor)
O último show do Forgotten Boys em Salvador em 2004 deixou o Calypso infernal, na época a banda estava lançando o disco “Gimme More…and More” e já era uma das mais cultuadas no indie rock nacional. Nesse show do Warmup o Forgotten trouxe as músicas do seu mais novo trabalho “Stand By The D.A.N.C.E.”. Esse disco marca a mudança para a gravadora ST2 e além das músicas em inglês três em português, marcando uma nova fase na carreira da banda.
O show foi bem intercalado no total foram 9 músicas do disco novo com destaque para “Just Done”, “Não vou Ficar” e “Stand By The D.A.N.C.E.”. As músicas mais “antigas” foram bem representadas “Babylon”, “So So”, “Cumm On” e “R’n’R Band” retratam boa parte da carreira da banda, todas no melhor clima Stoner Rock, mostrando que vale muito a pena assistir ao show da banda. Ainda rolou um cover dos Stones “Gimme Shelter”, provavelmente influenciado pela passagem da banda pelo Brasil, empolgou bastante, mas eu ainda preferia o velho cover de “Ace of Spades”.
Cascadura
Por Zeca Forehead
Terceira banda a se apresentar na segunda noite do Warm Up Boom Bahia Rock Festival, o Cascadura subiu ao palco após as apresentações dos Retrofoguetes (BA) e dos Forgotten Boys (SP). Ao sinal do telão com a vinheta institucional do Rock in Rio Café, os fãs da banda já tomavam conta do gargarejo, ávidos por mais um show.
2006 é o ano de lançamento do quarto álbum do Cascadura, o aguardado Bogary, que conta mais uma vez com a produção de André T (que também produziu o festejado Vivendo em Grande Estilo), e foram a apresentação das músicas de Bogary que marcaram o show.
“Viva a Putaria”!!!! Exclamou o cantor, compositor, guitarrista e líder da banda Fábio Cascadura ao começo da apresentação, causando frenesi a uma efusiva plateia. Contando com os Thiagos Trad e Aziz, bateria e baixo respectivamente e com o guitarrista Jorge Solovera completando o time.
Como de costume, as canções de Vivendo em Grande Estilo compuseram a maior parte do set list. Isso sem deixar de lado canções antigas da banda imploradas aos gritos pelos fãs, como “Sexta-feira” e “Nicarágua”. Mas o destaque do repertório é mesmo das novas faixas, de Bogary, que sai até o meio de 2006 encartado na revista Outracoisa: “Ele, o Super Herói”, “Senhor das Moscas” e “12 de Outubro”, esta última apontada como a primeira música de trabalho, que vai até ganhar videoclipe.
Ao término do show do Cascadura fui dar uma conferida nos dois stands que estavam montados ao lado do palco. Um era do já conhecido selo soteropolitano Frangote Records, e como sempre disponibilizavam diversos lançamentos nacionais, inclusive o material que o Forgotten Boys havia levado. O outro me chamou mais a atenção, pois era de um grupo relativamente novo, que começou sua história em 2001. Pelo que me consta (NE. Lógico que posso estar errado), neste evento aconteceu a primeira aparição do Red Pigs Moto Clube em um show de rock com um stand, e estavam disponibilizando camisetas do grupo. Decidido a procurar mais informações sobre o RPMC acabei encontrando o site www.redpigsmc.com.br. Vale a pena dar uma olhada para saber o que anda acontecendo com o moto clube e seus participantes, as viagens planejadas e mais. Agora, só não entendi porque o Matanza, diferente da Forgotten, não levou merchandise para o evento, até mesmo porque muitas pessoas estavam interessadas em compras camisas e cds, mas deixa pra lá.
Matanza
Antes de iniciar a apresentação da principal banda da noite diversas pessoas se amontoavam bem na frente do palco para ter uma melhor visão do que estava para acontecer. Eis então que o Matanza sobe no palco, e foi com um “Puta que o pariu, Salvador” que esses caras começaram. Há muito tempo o público esperava que eles voltassem para a cidade, para fazer um show com setlist estendido (NE. Lembrando que logo após o lançamento do Música Para Beber e Brigar eles agendaram um show aqui, mas tiveram que cancelar, e que no Festival de Verão 2005 o set foi extremamente resumido). A energia que a banda exala no palco é extraordinária, e ela certamente contagiou todos os presentes; tinha gente na roda de pogo, bangueando, dançando, gritando, cantando e, lógico, bebendo. Ninguém conseguia ficar parado ao escutar o country hardcore do Matanza. Não sei dizer exatamente o que tocaram porque estava a mil, e, apesar de ser responsável pela resenha, não estava preocupado em ficar lembrando de todas as músicas tocadas, pois queria curtir a excepcional apresentação. Mesclando músicas dos três álbuns, rolaram “Ela Roubou Meu Caminhão”, “Eu Não Bebo Mais”, “As Melhores Putas do Alabama”, “Pé na Porta, Soco na Cara”, “Maldito Hippie Sujo” e “Bom É Quando Faz Mal”, entre várias outras. Do tributo ao “homem de preto” tocaram apenas “Big River”, o que decididamente foi uma boa escolha, mesmo tendo deixado de lado “Five Feet High and Rising”, “Straight A’s In Love”, “Leave that Junk Alone” e “Belshazzar”. A banda, inclusive, tocou uma música nova, mas a empolgação na hora foi tanta que não teve como prestar muita atenção no nome. É algo tipo “Esta Noite Eu Vou Pro Bar”, ou “Eu Vou Pro Bar”, mas, independente do nome, ela certamente irá figurar como uma das principais músicas da banda. Não desmerecendo as demais faixas, muito pelo contrário, mas a melhor de todas foi, sem dúvidas, “Interceptor V-6” (NE. Há tempos o público de Salvador esperava escutá-la ao vivo). Quando anunciaram a música, o Rock in Rio parecia presenciar uma hecatombe nuclear, pois todos foram possuídos por uma potência e entusiasmo sobrenaturais e a casa foi abaixo. Tanto Salvador como o Matanza devem ter ficado deslumbrados com a apresentação, pois simplesmente não haveria como ser melhor. Depois disso afirmo que esta é uma das maiores bandas brasileiras da atualidade, e o público da cidade há de confirmar que essas palavras são verdadeiras.
Lá pelas tantas decidi ir para o camarote da imprensa, até mesmo para, quem sabe, falar com os integrantes do Matanza. Fui prevenido, com os encartes do Santa Madre Cassino, Música Para Beber e Brigar e To Hell With Johnny Cash, além de uma boa caneta. Devido ao grande número de representantes dos diversos meios de imprensa presentes na noite anterior, o acesso estava restrito a pouquíssimas pessoas. Consegui entrar meio de ousado e até entreguei os encartes para a banda, mas infelizmente tive que sair. A consideração da banda, principalmente do China, foi tanta que ele chegou a sair para me entregar os encartes, e acabei virando ainda mais fã da banda (NE. Se é que isso é possível). Por sinal, agradeço a alguns amigos em particular; Thais, por tirar uma foto minha com Jimmy, Marinnex, por ter deixado a máquina com Thais, e Sansão por ter pego a máquina com seus pais, seu Clínio e dona Rominha, e emprestado a Marinnex. Valeu!
A Equipe BahiaRock gostaria de agradecer a Mônica Carvalho, João Maniac e Rogério Big Bross pelas cortesias cedidas para a cobertura do evento, e a Boris e Zeca por ajudarem na resenha. Vocês estão de parabéns.