Review – Álbum – Lisbeth – Dona da Rua
Em pleno 2018 as mulheres ainda lutam por direitos iguais, salários equivalentes aos dos homens, ou pior, contra o assédio que sofrem todos os dias nas ruas. Felizmente nos últimos anos temos acompanhado algumas mudanças e quem sabe, mesmo em ritmo lento, chegaremos em um dia onde essa luta não será mais necessária. Enquanto isso, é interessante notar como banda Lisbeth de “Rock de fêmea made in Salvador” emite a sua voz no disco “Dona da Rua”, mostrando todo o poder feminino e seu empoderamento.
Principalmente se pararmos para pensar no quanto o rock ainda é dominado por maioria masculina, tanto no público quanto em artistas. Felizmente isso é algo que também está mudando, como a própria Lisbeth está de prova. É bom ver como artistas como Pitty serviram de influência e continuamos vendo surgir novas vozes no rock baiano.
A música “Dona da Rua”, que também é título do EP, abre o disco deixando muito clara a mensagem por trás das letras das músicas da banda. Meu corpo, minhas regras, então a Lisbeth lembra que a rua também é dela, então se o homem não sabe se comportar, que volte para a casinha. Então se a mulher quiser sair de shortinho, não tem problema, mas se for desrespeitada, ela vai se impor e exigir respeito.
As letras das quatro músicas que fazem parte do EP mantém a temática do empoderamento feminino, abordando o tema de forma inteligente, irônica e divertida. O destaque fica por conta de “Homens Vs. Aliens”, em que a vocalista Ângela Maranhão conta que os homens não acreditam em aliens, enquanto que ela não acredita nos homens.
O som da banda é bem direto, fazendo uma boa coesão com as letras, com guitarras distorcidas e um ritmo às vezes mais rápido, mas que não tem vergonha de desacelerar quando for necessário, como em “Retratos”. Fica clara a influência de outras artistas femininas do mundo do rock, mas Lisbeth mostra que foi capaz de desenvolver sua própria identidade.
“Dona da Rua” apresenta muito bem a sonoridade da banda e surpreende com letras interessantes que tem uma boa pegada pop com refrões pegajosos, mas que nem por isso deixam de mostrar o seu lado consciente e crítico, principalmente sobre o feminismo, mas sem deixar outros temas importantes também de lado, como o racismo, LGBTfobia e gordofobia. O lançamento ocorrido no dia 8 de Março, dia internacional da mulher, não foi por acaso.
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