Review – Álbum – Meus Amigos Estão Velhos – Falsa Alegria
Formada por nomes conhecidos da cena rock ‘n roll de Salvador, a Meus Amigos Estão Velhos surgiu como um “supergrupo de rock pesado”, mesclando influências do grunge, rock setentista, stoner, punk rock, entre outros. Essa foi a tônica do primeiro EP, “Mojave Mojito“, de 2019. Em 2022, lançaram o segundo EP, “Soa como Caos”, na mesma “pegada”, mas já apontando para outras direções. Em novembro de 2024, a banda lança o álbum “Falsa Alegria“, no qual apresenta uma nova sonoridade (e um novo integrante, o tecladista Silvio de Carvalho), com um maior destaque para as melodias, guitarras mais limpas e maior experimentação (inclusive com o uso de violoncelo, trompete e flugelhorn – não me perguntem que diabos é esse último…).
A primeira faixa, “Ancorado“, sintetiza bem esse novo momento da MAEV: com um riff melódico, teclados/sintetizadores e letra romântica, me lembra ao mesmo tempo o indie rock dos anos 2000 e o pop rock oitentista nacional. The Killers meets Guilherme Arantes. Mas minha parte preferida são os quase dois minutos instrumentais no final da música.
Outras músicas do álbum seguem mais ou menos essa linha, dentre elas: “Gosto tanto de você“, uma balada romântica, com ecos de Beatles e Radiohead, com suíte instrumental mais “roqueira” no final; e “Tudo tem você“, outra balada “assobiável”, mas que ganha força e peso no refrão. No meio da música, uma voz feminina representando uma mensagem de áudio terminando um relacionamento: “acho que não faz sentido nem a gente conversar mais”. Cruel…
“Seja mentira” por sua vez, já nos leva a lembrar do “Mojave Mojito”: rockão direto, com letra ácida e com direito a dois solos de guitarra. Assim como “Nunca me lembro” , nervosa, acelerada e cheia de riffs, que conta com a participação de Jajá Cardoso e Luca Bori da Vivendo do Ócio (e que cairia muito bem na própria VDO – foi composta por eles, afinal).
Outros destaques do disco são “Reveillon“, canção bem tranquila e “good vibes” que fala sobre as expectativas que surgem numa virada de ano, e foi inspirada justamente no clima de esperança e otimismo com a mudança de governo no país em 2023; e “Música do sono” única faixa com o guitarrista Bruno Carvalho no vocal principal – melancólica, tem uma atmosfera onírica, mas fala sobre insônia e sentir falta dos sonhos.
“Falsa Alegria“, música que dá nome ao álbum, também se encarrega de terminá-lo, de maneira bem diferente de como começou. No more good vibes aqui: 2 minutos e 3 segundos de raiva, reclamação e barulho, para que a gente não se esqueça que nossos velhos amigos continuam tão rock ‘n roll como sempre. No mais, se por acaso esse texto estiver equivocado, me despeço dizendo à banda um dos refrões do disco que ficaram em minha cabeça: “me desculpe qualquer coisa”…